quarta-feira, 11 de julho de 2012

Os psicólogos recém graduados fazem supervisão?


Atualmente respondendo pela Coordenação de Atividades de estágio do curso de Psicologia da ULBRA, sou responsável pela elaboração de parcerias com Instituições que possam receber nossos alunos para estágio. Uma de minhas preocupações é sempre de conversar antes com o/a colega que atua no local para solicitar sua ajuda no sentido de ser supervisor "in loco", para entao entrar com o pedido formal junto a Direção da Instituição.

Até o momento tenho sido muito bem recebido pelos colegas e em algumas situações tenho tido a oportunidade de trocar ideias interessantes sobre vários aspectos que perpassam nossa Ciência e Profissão. Um aspecto que merece reflexão é de que muitos psicólogos que estão em Instituições atuando ( e claro, em consultório também) são recém formados. Isto tem sido comum uma vez que Rondônia tem Faculdades de Psicologia em Porto Velho, Ariquemes, Rolim de Moura, Cacoal, Vilhena e Pimenta Bueno, ou seja, está aumentando o número de psicólogos recém entrados no mundo do trabalho.

Dentro disto, fica evidente que estes colegas muitas vezes terão que "aprender" sobre profundidades e especificidades de seu trabalho na labuta cotidiana já que na Academia muitas vezes não se estuda temas e técnicas que constantemente se exige no trabalho profissional. Aliais, isto é comum em Psicologia. Isto posto, fica a pergunta: Diante desta situação, os colegas recém formados estão buscando supervisão?

Tanto nas Instituições quanto no consultório particular, estão sendo acompanhados por colegas mais experientes?

Em uma das conversas que tive recentemente uma colega me levantou tal questionamento também e foi categórica em dizer que não. Não estão fazendo supervisão. Como não se submetem a psicoterapia.

Razões?... provavelmente muitas além da mera questão de ter que pagar a supervisão.

Me preocupo com isso quando penso que colegas se graduam e possam achar que são auto suficientes. Ou se refugiam em suas inseguranças e comodismos.

Fiz 3 anos de análise e tive supervisão contínua por mais de 5 anos. Até hoje busco contato com colegas mais experientes. E eu tenho 13 anos de profissão atuando sistematicamente e de forma constante tanto em Instituições quanto em consultório particular.

O que acontece com quem não tem a mesma preocupação?

Será que pensam que vão conduzir sem dificuldades trabalhos como os que envolvem presídios, hospitais, escolas? E no consultório? O estágio em clínica será suficiente? E aqueles que não fazem estágio em clínica e vão ser terapeutas?

Enfim.. bato muito nesta tecla com meus alunos. Psicologia, não é um sacerdócio, mas também não é apenas um trabalho qualquer que se possa fazer de qualquer jeito.

Por isso não estranho quando escuto que o Conselho Federal deveria exigir a supervisão por um determinado período, pois parece que deixar o psicólogo completamente livre para construir seu fazer sem maiores exigências ( já não se exige psicoterapia mesmo), não tem sido uma boa ideia.